SPECIAL PROJECTS

CURADORIA

CURATORSHIP


Conceito da Instalação de Arte // Art Installation Concept

Máscaras faciais bordadas. Máscara-base "Origamask" por Iria Marina Designs (usando um padrão open-source) // Embroidered face masks. "Origamask" base by Iria Marina Designs (using an open-sourced pattern)

Pormenor da máscara // Facemask detail

Reprodução em tela com bordado à mão por David Leonardo // Reproduction  on canvas via hand-embroidery by David Leonardo

Mural de Maqueleva & Poema de Taíla Carrilho // Mural art by Maqueleva & Poem by Taíla Carrilho

Máscaras bordadas emolduradas &  mural por Maqueleva // Framed embroidered face masks & mural art  by Maqueleva

MAQUELEVA - MEMENTO VIVERE 

Maputo| 20m2

2020

Curadoria, Conceito da Instalação de Arte 

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Equipa da Exposição:

Curadoria & Conceito da Instalação: M. Gabriela Aragão / A Oficina 

Arte: Maqueleva  

Poema: Taíla Carrilho  

“Origamasks”, usadas como tela: Iria Marina / Iria Marina Designs

Reprodução em tela com bordado à mão: David Leonardo

Produção & Design da Comunicação: Pablo Ribeiro / FFLC 

Co-Produção & Espaço: Fundação Fernando Leite Couto (FFLC)

MAQUELEVA - MEMENTO VIVERE

Maputo| 20m2

2020

Curatorship, Art Installation Concept

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Exhibition Team:

Curatorship & Installation Design: M. Gabriela Aragão / A Oficina

Art: Maqueleva

Poem: Taíla Carrilho

"Origamasks", used as canvas: Iria Marina / Iria Marina Designs

Hand-embroidery reproduction on canvas: David Leonardo

Production & Communication Design: Pablo Ribeiro / FFLC

Co-Produced & Hosted by: Fundação Fernando Leite Couto (FFLC)

NOTA DA CURADORA

Com esta colecção de catorze (14) máscaras bordadas, Maqueleva conjura uma lembrança para as gerações futuras. Concebida numa altura em que as taxas de infecção da COVID-19 ainda não atingiram o seu pico em Moçambique, esta colecção regista não só a ansiedade da vivência presente como também a obstinada esperança que é necessária para que a vida continue. Desde as faces emaciadas e uma boca aterrorizada em meio-grito, aos amantes (ou amigos, ou parentes) que se distanciam fisicamente ainda que unidos pelo seu amor mútuo, nestes traços captura-se o presente em que vivemos. 

Outro tema facilmente discernível é o colectivo, a noção de que estamos todos juntos neste barco, independentemente das nossas diferenças individuais claramente desenhadas numa das máscaras: o vírus não vê caras, nem corações. 

 O colectivo é ainda retratado como uma massa homogénea de rostos indistintos, uma vez acompanhada pelo slogan Fight the Power, que incentiva a resistência contra a propagação do vírus. Há também o Don´t be Good, Be Great, que é simultaneamente um apelo e um imperativo. Um apelo a que, como um dever para com o colectivo, cada um de nós esteja à altura da ocasião e faça além do necessário para ultrapassar este tempo difícil. E um imperativo para que, como um dever para connosco próprios, cada um de nós aproveite este acontecimento único e potencialmente letal, para reflectir sobre o que estamos realmente aqui para fazer nesta vida, e fazê-lo bem. Pois se a vida deve continuar, que seja ela bem vivida. 

As características materiais desta colecção são também representativas do momento, já que Maqueleva escolheu usar máscaras faciais protectoras como tela principal. Em Moçambique, a máscara de pano reutilizável generalizou-se como alternativa mais económica à máscara descartável de grau cirúrgico. Uma indústria local desenvolveu-se rapidamente em torno dessa demanda, sendo os padrões de capulana os mais populares. Usar a máscara como tela, é mais uma das formas que Maqueleva encontrou para lembrar no futuro este peculiar presente. 

Nesta colecção de arte, as máscaras de linho origamasks são da designer local Iria Marina (usando um padrão “open-source”) e proporcionam o fundo ideal para o traço único de Maqueleva, com a sua linha contínua. Os masters em papel foram reproduzidos como bordados em tecido, que deverão durar tanto tempo quanto as máscaras em si. 

Desta forma, as máscaras tornam-se arte e artefacto: algo a ser exibido, algo a ser usado, e algo que ao ser usado é exibido. A sua utilidade como artigo de protecção permanece, ao mesmo tempo que transforma cada usuário numa micro galeria de arte, levando esses registos quotidianos de desespero e de esperança para o futuro, até que eles deixem de ser necessários e tornem-se, simplesmente, memória corporizada deste tempo em que tivemos que nos lembrar de continuar a viver. 

M. Gabriela Carrilho Aragão 

Curadora 

Maputo, 22 Novembro 2020 

CURATOR´S NOTE

With this collection of fourteen (14) embroidered cloth masks, Maqueleva presents a keepsake for future generations. Created at a time when the COVID-19 infection rates have yet to reach their peak in Mozambique, the collection captures not only the anxiety of the moment but also the stubborn hope that is required to carry on living. From the sick, emaciated faces and a terrified mouth mid-scream, to the lovers (or friends, or relatives) physically distancing and yet connected by their mutual love for each other, these drawings capture the present we live in. 

Another theme clearly discernible is the collective – the notion that we are all in this together, irrespectively of our individual differences, clearly drawn in one of the masks. The collective is otherwise depicted as a homogenous mass of indistinct faces, once accompanied by the slogan Fight the Power, a rally cry to resist the propagation of the virus. There is also Don´t be Good, Be Great, which is at once an appeal and a demand. An appeal that, as a duty to the collective, every one of us rises to the occasion and goes above and beyond to do whatever is necessary to get through this. And a demand that, as a duty to oneself, each of us take this once-in-a-lifetime, life-threatening event to reflect on what we are really here to do in our lifetime, and to do it well. For if life must go on, let it be well lived. 

 The material aspects of this collection are also representative of the moment, since Maqueleva chose protective face masks as a primary canvas. In Mozambique, the re-usable cloth mask is now generalised as a more cost-effective alternative to the disposable surgical-grade mask. A local industry has quickly developed around this demand, with capulana cloth patterns being the most widely available. Using the masks as canvas is yet another way that Maqueleva found to remember this particular time in the future.

In this art collection, the linen “origamasks” are by local designer Iria Marina (using an open-sourced pattern) and provide the ideal blank canvas to Maqueleva´s characteristic continuous, single line drawings. The masters on paper were reproduced as embroidery on cloth and should last as long as the masks themselves. In this way, the face masks become both art and artifact: something to be displayed, something to be worn, and something that in being worn is displayed. 

Their usefulness as protective gear remains, whilst simultaneously transforming each wearer into a micro art gallery, carrying these quotidian hope and despair mementos into the future, until such time they are no longer necessary and simply become embodied memories of a time when we had to remember to carry on living. 

M. Gabriela Carrilho Aragão 

Curator 

Maputo, 22 November 2020


 

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